O rio vai para o mar
Despejar a sua mágoa.
Nele só vai encontrar
Quem lhe rouba a sua água.
*
O teu véu tapa-me a vista
Mas não me desvia o olhar
Só petisca quem arrisca
Esse teu véu levantar
*
Olho tanto para a frente
Que me dói de tanto olhar.
Hoje, ao olhar, certamente
Vejo os meus olhos fechar.
*
Onde estão teus olhos de água;
Onde está o brilho ledo;
Será que só há mágoa
Em teus olhos de sossego?
*
Ouço o meu povo cantar
A alegria da semente
A esperança de germinar
Pela voz que a terra sente
in "Divertimento poético ou cinquenta quadras mais ou menos ao gosto popular, seguidas por três, porque três foi a conta que deus fez, redondilhas com gente dentro: Ti Maria, Ti Zé e Dona Alice (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)
Sem comentários:
Enviar um comentário