à Graça Soares
meu amor não me esperes quando a noite
acordar em meu olhar
não me esperes
de nada vale o tempo que gastares
à janela da vida
que só a ti pertence
não te iludas
com as coisas da moral
que os vizinhos costuram nas ombreiras
com as manhãs que dizem que hão-de vir
nevoeiro algum diz do meu regresso
todo o nevoeiro
pronuncia somente o meu partir
nada mais que a minha ausência
por isso parte todas as molduras
todas
rasga as fotografias
apaga os risos
as lágrimas
diz aos filhos que a via é sempre em frente
onde o sol é bandeira desfraldada
com as suas próprias cores
e que rumem rumo ao sonho
porque antes vivê-lo um segundo
que chorá-lo toda a vida
bem sabes que a minha morte
só a mim pertence
e a mais ninguém
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