terça-feira, 4 de março de 2014

Prefácio a "Um Punhado de Sombras", de Paulo Themudo



Escrever sobre o trabalho poético de Paulo Themudo é encetar uma viagem através do tempo, quer numa dimensão do correr dos dias, quer numa outra, certamente mais poderosa, aquela que se tece dentro de cada um de nós.

Esta sua obra: “Um Punhado de Sombras”, insere-se nesse caminho, nessa visão do caminho que nos cabe percorrer. Uma via que só pode ser plena quando a memória é assumida como uma espécie de calibrador e catalisador de cada passo.

Desta forma, para mim, este novo título de Paulo Themudo, constitui a adição de um importante passo aos anteriormente dados com “Fui... O que já não sou!...” e “Devir de Vir”, como se o poeta escreve-se o livro, o mesmo livro e esse nos legasse capítulo a capítulo.

A sua forma de expressão, contaminada pela sua outra manifestação artística, a pintura, mais do que construindo imagens no sentido poético do termo, abre-nos uma surpreendente paleta de sensações, através do movimento, das colagens, da capacidade de conferir em nós, através da palavra, num constante jogo de luz e sombra, verdadeiros espaços visualizáveis.

E essa sensação visual, que o leitor certamente irá descobrir, torna o poema como que habitável em e por nós.

Há, portanto, que se preparar, agora que está prestes a virar a página, para a leitura e descoberta, não só do mundo que o autor detém entre mãos, esse punhado de sombras que o título anuncia, mas, sobretudo, o seu próprio mundo, aquele que em si irá construir através das suas próprias referências.

E poeta não será aquele que falando necessariamente de si, da sua experiência e circunstância, afinal está a referir-se a cada um de nós?


Coimbra, 25 de Setembro de 2009


in THEMUDO, Paulo - "Um Punhado de Sombras". Temas Originais. 2009




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