IV
Que as mans collan cinza
das sementes do ar
Xavier Seoane
1.
ardem as mãos na demanda
julgada impossível
de colher nas cinzas
de uma pompeia projectada
mas sonham as mãos
o oculto corpo que se revela
na informe face do silêncio
2.
porque há um barco
na deriva do mar
remos
na luta das correntes
mãos
entregues a uma voz
que só a terra sente
3.
e há uma pedra
qual muralha em redor do desejo
que de súbito tomba
sob a persistência
do vento
4.
colhem-se cinzas das sementes
do ar
palavras que acordam na voz
como um grito
ou um poema
in "Nove ciclos para um poema" (edium editores, Matosinhos, Portugal, 2008); "Viagem pelos livros" (Escrituras, São Paulo, Brasil, 2011) - Prémio Literário da Lusofonia - 2007, organizado pela Câmara Municipal de Bragança
Sem comentários:
Enviar um comentário