VI
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
José Craveirinha
1.
guardo os gestos os nomes
os utensílios
trago-os na algibeira
são cinzas que as mãos remexem
restos
desta imensa fogueira que é a vida
2.
escuto as sombras
que se arrastam pelo pó
ardem
no mistério das horas
que virão
3.
nada em mim é efémero
tudo permanece
rente à pele
queima
com os passos dados
na invenção do meu próprio caminho
4.
sou filho fruto desta árvore
que se entrega
sem rancor
aos lábios do fogo
meu destino é arder
aprender
a língua secreta das sementes
que em cinza em mim germina
in "Nove ciclos para um poema" (edium editores, Matosinhos, Portugal, 2008); "Viagem pelos livros" (Escrituras, São Paulo, Brasil, 2011) - Prémio Literário da Lusofonia - 2007, organizado pela Câmara Municipal de Bragança
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