VII
Havia um homem que corria pelo orvalho dentro.
Herberto Helder
1.
foram as mãos regidas pelo olhar
que atearam na voz
o fogo
que nomeara
a primeira das manhãs
2.
o orvalho desenhara uma cortina
sobre a ampla
janela da alvorada
descia pelas fímbrias de um gesto
como um homem que contempla
o brotar de um novo dia
3.
reside o poema
naquele breve escasso
vislumbre
como uma janela
que se abre simples porque plena
para a morte
4.
e um homem corre
rio enfim liberto
das margens
para sorver do sal
os lábios da lua
o ventre das marés
in "Nove ciclos para um poema" (edium editores, Matosinhos, Portugal, 2008); "Viagem pelos livros" (Escrituras, São Paulo, Brasil, 2011) - Prémio Literário da Lusofonia - 2007, organizado pela Câmara Municipal de Bragança
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