domingo, 15 de dezembro de 2013

In Memoriam - António José Forte


Cumpre-se hoje, dia 15 de Dezembro, o vigésimo-quinto aniversário sobre a morte da António José Forte, poeta que admiro bastante. Desta forma, à guisa de homenagem, insiro um ciclo sob epígrafe que foi editado em 2012 na "Antologia Amante das Leituras 2012" (Temas Originais, 2012).


Sob epígrafe de António José Forte


O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.

António José Forte


1.

trago uma aranha nos cabelos
como um cigarro
que se eterniza na algibeira
da gabardina
que se usa e guarda
no guarda-fatos da memória

2.

não sei ao certo há quanto tempo a aranha
tece a sua teia
nos cabelos que caem no poema
e o caiam de branco
como o branco
que o tempo em mim tece

3.

o mundo para mim começa a ser
sinto-o
e por isso o escrevo
a parede onde a aranha
caia
o branco que me caia

4.

em suma o mundo é este branco nos cabelos
tempo sentido
tecido pelas hárpias mais hábeis
enquanto eu o poeta ressuscita
nas palavras que acordam no papel
pelo olhar feito espanto de mim mesmo

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