segunda-feira, 10 de novembro de 2014

de "Afluentes do poema" - 10


Sobre o tampo da mesa, um copo de
vinho, papel, cinzeiro, maço de
cigarros, um isqueiro e uma caneta.
A madeira, sob marcas, ocultava
outras paragens, gente circular
como o fundo da taça bebida. O
cinzeiro deformado, escondia ânsia,
solidão, uma espera prolongada
como ferida exposta. Puxei de um
cigarro. Olho em redor da taberna e
sinto como o poema anda na rua.
Anda dentro do olhar de homens, mulheres
e crianças. Habita nas mais simples
coisas. É ser que vive em cada recanto,
palavra, sonho, movimento.
Poema eternamente em construção.

in "Afluentes do poema" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2006)

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