domingo, 2 de novembro de 2014

de "Afluentes do poema" - 2


Sou como um rio. Trago em minhas águas
memória de alheias vozes como
se fossem afluentes do poema.
Embutidos retábulos no cerne
da madeira mais pura. Frutos
de pomares por onde o desejo é
brisa de aromas frescos e suaves.
Sou como um rio. Vou para o mar. Trago
nas águas o sonho de sonhar.
Arado que em silêncio engravida
a tez deste papel ensandecido.
Sou como um rio. Ensejo chegar ao
mar. Ser filho do tempo em que vivi
embarcar no poema e partilhar
palavra, sonho, vida, poema...

in "Afluentes do poema" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2006)

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