sexta-feira, 6 de março de 2015

de "Poemas com rosto" - 11 e 12


JOSÉ FÉLIX

repousa o olhar na pedra
que a forma oculta

as mãos

que iluminam o gesto
e que acordam o cinzel

indagam
a resolução
de um teorema

a palavra

ventre incandescente
do poema

*

depois de um sono doce como a morte

José Félix

esqueçam-me se parto porque quero
se me deito neste leito
e invento uma noite sem fim
ou se me perco neste mar
no sonho insano de ser náufrago
ou se recuso a terra
pendente num ramo qualquer
esqueçam-me estas flores não merecem
esta laje esta sorte este epitáfio
que fenece ao sol nascente

in "Poemas com rosto" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)

Sem comentários: