quarta-feira, 18 de março de 2015

de "Poemas com rosto" - 35 e 36


ANTÓNIO RAMOS ROSA

onde o gesto nasce abre-se o livro
a cada gesto corresponde
o nascimento de uma sílaba

ao ourives o ofício
do filigrana

ao poeta a música
a musa dos sentidos circundando
gravitando
em torno do ouro

a palavra inaugural

*

Se escrevo é porque nunca vejo mesmo quando vejo

António Ramos Rosa

escrevo na margem
vegetal
do silêncio

onde o silício se eleva
na fragilidade
da memória

e as mãos devoram
a matéria dos sonhos

entre as fragrâncias
breves
de um olhar

in "Poemas com rosto" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)

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