segunda-feira, 2 de março de 2015

de "Poemas com rosto" - 3 e 4


CASIMIRO DE BRITO

do apolíneo curso anoto o seu nascente
um breve traço de mel
dependurado
na janela semi fechada
meio aberta
do meu quarto

docemente
inicia a invasão
lenta
de todos os recantos

a oriente
o poeta ensaia
a criação de um poema

um pássaro o traz
em seu canto matinal

*

Nada te peço, nada. Visito, simplesmente,
o teu corpo de cinza.

Casimiro de Brito


nada te direi

deixo as palavras à porta
sob o tapete

junto de todos os outros versos
que recusei plantar

nada te pedirei

passo por aqui
como se a música nascesse

no teu corpo
no teu corpo de cinza

e de silêncio

in "Poemas com rosto" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)

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