JUANA DE IBARBOUROU
queda-se o corpo
entrega-se
à extrema serenidade
de uma onda que de manso
nos acaricia
a epiderme de areia
as mãos inventam
o súbito enlace solar
urge uma partida
uma chegada
um porto iluminado
um navio no sufrágio
da intempérie
queda-se o corpo
o meu corpo no teu corpo
um poema nado
de um poema
*
un ser que nos contempla transformado en hoguera
Juana de Ibarbourou
uma só voz
que pronuncia o silêncio
habita as arestas do verso
que jamais poderei escrever
arde numa morada
onde meu corpo se entrega
à magia das palavras
como se as recolhesse
e descobrisse sob a sua pele
um imenso mar de sentidos
um mar imenso
onde sinto a urgência
de navegar
in "Poemas com rosto" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)
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