NATÁLIA CORREIA
mátria
flor silvestre que brota
do coração da terra
não há mão
nem humano pensamento
que a faça germinar
nasce pura
como um sol
que teima em regressar à tez do olhar
assim é teu verbo
rebelde e genuíno
matricial
*
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.
Natália Correia
senta-te nesta mesa onde o poema
como a vingança
frio se serve
sabes bem que um verso come-se
e partilha-se
não se guarda
guardar é esquecer
porque um armário na memória
é um túmulo um sarcófago
e não há arqueólogos de versos
a decifrar as entranhas
da alma desabitada pelo sonho
assim senta-te nesta mesa e sê
a boca onde a voz surge
com asas de poesia
in "Poemas com rosto" (e-book, Virtualbooks, Brasil, 2007)
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